BIODIVERSIDADE NA F1


SÃO PAULO | Em meio a tantas críticas feitas aos carros de 2014, com seus bicos esquisitos e muitas vezes pornográficos, um comentário tem sido feito de maneira positiva: há muito tempo que a F1 não via carros tão diferentes.

Mais precisamente, desde 2009. Naquele ano, a FIA baniu os apêndices aerodinâmicos que tanto poluíam os carros até 2008 e ordenou a construção de aerofólios dianteiros mais largos e aerofólios traseiros mais estreitos e altos. De primeira, os carros pareceram estranhos, especialmente por causa dos aerofólios. Mas estavam bem mais limpos e bonitos. Tinha carro de todo tipo: com bico baixo e largo, baixo e fino, alto e fino, alto e largo… Acabou que nada disso fez a diferença: o campeonato foi decidido por um difusor duplo que mal dava para ver.

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Dos carros de 2014, só não vimos a Marussia até agora — devemos ver amanhã, quando os anglo-russos chegarem a Jerez. E as equipes, para se adequarem ao novo regulamento da FIA no que diz respeito às medidas da parte dianteira dos bólidos, encontraram as mais variadas soluções. Quem mais ousou, eu diria, foi a Caterham.

O objetivo de se ter bicos altos é jogar mais ar para baixo do carro. Ok. A FIA mandou abaixarem a frente. Ok. A Caterham, em vez de fazer um bico mais conservador, colocou só um pilar que liga o aerofólio ao chassi. É o carro que tem a maior abertura para jogar ar para o assoalho. Só tem que ver se esse negócio vai ser considerado legal — se o time começar a andar na frente, é bem capaz que seja vetado.

(Honestamente, espero que não vire tendência, porque eita negócio feio).

Nesta terça, também foram lançadas a Mercedes e a Red Bull, que salvaram a espécie em termos estéticos. São os dois carros que achei mais bonitos.

Como vou viajar amanhã e volto só no fim de semana, não vou esperar as primeiras imagens da Marussia para abrir a enquete: qual o carro mais bonito de 2014? Só votar aí embaixo em até três opções:

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F1 GONZA


gonzoSÃO PAULO | Estou de férias e, portanto, só acompanhando por cima essa semana de lançamentos da F1. Deu para notar que a categoria vai ser um tanto gonza esse ano, com essa nova regra referente à altura do bico dos carros. Os carros ficaram um tanto esquisitos. Culpa da FIA, que fez um regulamento que restringe em vez de obrigar a criarem coisas novas: não adianta limitar a altura máxima, é preciso bloquear alguns conceitos para evitar esses bico-de-tamanduá na frente dos bólidos — ou as pernas abertas, no caso da Lotus.

Até agora, o carro que mais gostei foi o da McLaren, mas a pintura da Force India também agradou. Force India, aliás, tem mudado bastante seus esquemas de cores, como o Rodrigo Berton mostra aqui.

WHITMARSH, BRAWN, BOULLIER, MICHAEL…

Como estou de férias e quero ir andar de bicicleta, vou ser preguiçoso e escrever neste post mesmo. Não é oficial, mas Martin Whitmarsh está mesmo fora da McLaren. O cara não apareceu no anúncio do novo carro. Precisa de mais para saber que não vai continuar?

Sem Martin, estamos todos curiosos para saber quem será o quinto chefe de equipe da história da McLaren. Embora Ron Dennis esteja mandando em tudo de novo em Woking, ele não quer voltar a controlar o time no dia-a-dia. Deve contratar ou remanejar alguém para o cargo. Os mais cotados são três: Ross Brawn, Eric Boullier e Sam Michael.

Brawn vem sendo especulado na McLaren há algumas semanas, mas os outros dois nomes ganharam força nos últimos dias. Primeiro, o site ‘F1 Today’ disse que o atual diretor-esportivo será promovido a chefe. Nesta sexta, a ‘Autosport’, mais confiável, cravou que Boullier deixou a Lotus para comandar a McLaren.

Boullier esteve na Lotus/Renault desde a saída de Flavio Briatore. Seu trabalho foi ótimo. Manteve o time em um bom nível, apesar de contar com um orçamento menor, venceu duas corridas com Kimi Räikkönen e terminou com a terceira posição no Mundial de Pilotos em 2012. Mas a casa está caindo lentamente em Enstone. Kimi saiu, James Allison saiu, vários outros engenheiros foram embora, e agora chegou a vez de Boullier. Não está disposto a passar perrengue. Gerard Lopez, o dono da brincadeira, é quem vai trabalhar como chefe de equipe, numa decisão emergencial.

Pitaco meu: Brawn seria o ideal, e Boullier ainda é uma aposta melhor que Michael.

Estamos testemunhando um estranho momento em que a F1 vive mais trocas de comando do que os times do futebol brasileiro — tá, daqui três semanas já teremos mais técnicos demitidos aqui no Brasil do que na F1.

Adendo: A comparação com o Gonzo é livre para todos os públicos. Se você é maior de 18 anos, clique aqui e veja outra imagem que se assemelha aos bicos dos carros de 2014.

AS DUPLAS DA F1 2014


SÃO PAULO | Está definido o grid da F1 2014. Foram anunciados na última terça-feira os dois pilotos da Caterham, Kamui Kobayashi, que volta à categoria após uma temporada, e o sueco Marcus Ericsson. Aproveitei a ocasião para fazer um ranking das que considero as melhores — e as piores — duplas da temporada. Vamos lá.

1) FERRARI — ALONSO E RÄIKKÖNEN

Clar0 que a melhor dupla é a única que tem dois campeões mundiais. Será a mais interessante de se observar, também. Depois de Vettel, esses foram os dois melhores pilotos da F1 nos últimos dois anos e, se não entrarem em rota de colisão — e, obviamente, a Ferrari construir um bom carro — serão os dois que mais chance terão de quebrar a hegemonia do alemão. Alonso e Kimi somam 52 vitórias na carreira, mais do que qualquer outra dupla do grid.

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2) MERCEDES — HAMILTON E ROSBERG

Hamilton e Rosberg trabalharam muito bem em conjunto em 2013. Sã0 dois pilotos de estilos diferentes, mas que, no final, terminam com o mesmo tempo de volta. Embora tenha vencido somente uma corrida no ano passado, o primeiro na Mercedes, o inglês é um piloto que sabe ganhar GPs — ganhou ao menos um em todas as temporadas em que competiu na F1. Rosberg é bom piloto, meio low profile dentro do time, mas, mesmo fora dos holofotes, é capaz de conquistar ótimos resultados e forçar Hamilton a elevar o nível para vencer a batalha interna.

3) RED BULL — VETTEL E RICCIARDO

De Sebastian Vettel, não é preciso falar nada. Daniel Ricciardo é que tem muito a provar em 2014. O australiano subiu para a Red Bull e agora tem a obrigação de andar na frente e vencer GPs. Acredito que será capaz de fazê-lo. É um piloto rápido, deve conseguir bons resultados em treinos classificatórios e aí terá a missão de se manter nas primeiras posições aos domingos — não foi o seu ponto forte enquanto esteve na Toro Rosso.

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4) McLAREN — BUTTON E MAGNUSSEN

Aqui o quinto campeão mundial do grid junto do promissor novato que a McLaren resolveu efetivar. Button é capaz de liderar uma equipe, já mostrou isso em mais de uma oportunidade, mas tenho a impressão de que ele precisa de um companheiro que represente um desafio. Magnussen é muito bom. Bem melhor que o pai. A questão é que ele vai estrear na F1 sem ter andado decentemente com o carro, testou somente nos simuladores. Ainda assim, acredito que seja uma boa aposta.

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5) WILLIAMS — MASSA E BOTTAS

Um bom conjunto que pode dar certo. Bottas foi o melhor estreante de 2013 e mereceu a chance de continuar na F1 na Williams. Mostrou talento, esse finlandês. Massa talvez tenha mais a provar do que o colega, mas também tem capacidade para mostrar que pode liderar uma equipe. Fora da Ferrari e sem a companhia de Alonso, o brasileiro pode voltar a ser aquele piloto que foi até 2009 — mas é só dentro da pista que veremos quanto a mudança de equipe vai servir de impulso para essa recuperação pessoal.

6) FORCE INDIA — HÜLKENBERG E PÉREZ

Nico Hülkenberg, o zicado-mor da F1, terminou 2013 mostrando todo o seu potencial. Sergio Pérez, nem tanto. Acabou dispensado pela McLaren. É uma dupla que pode render bons frutos para a Force India. É ao menos melhor do que a do ano passado (Hülk melhor que Di Resta e Pérez melhor que Sutil).

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7) LOTUS — GROSJEAN E MALDONADO

Não me parece que essa é uma dupla que vai trabalhar bem em conjunto. Romain Grosjean andou bem demais no fim de 2013 e tem capacidade de liderar a Lotus — vai depender só de como o carro vai se comportar. E como Maldonado vai se comportar. O venezuelano até é rápido, mas teve um ano difícil em 2013 e precisará mostrar superação, além de cabeça no lugar para lidar com um rival que tem total condição de andar à frente.

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8) TORO ROSSO — VERGNE E KVYAT

Jean-Éric Vergne tem um bom ritmo de corrida e, a julgar pelo o que aconteceu com outros pilotos da Red Bull, deve ter sua última chance na Toro Rosso neste ano. Ninguém correu lá por mais de três anos. Ou seja: precisará mostrar mais do que mostrou no início da carreira na F1 para provar que pode, quem sabe, ser promovido à RBR em algum momento ou, ao menos, garantir vaga em outro time. Só que, para isso, terá de bater um promissor Daniil Kvyat, que terá de se adaptar a um carro mais potente do que qualquer outro que já pilotou. Olho no russo.

9) CATERHAM — KOBAYASHI E ERICSSON

Kobayashi, que está voltando à F1, já conhecemos. Rápido, capaz de dar show, só vai ser difícil isso acontecer com ele pilotando a Caterham. Junto dele está o sueco Marcus Ericsson, novato de quem podemos esperar mais do que Charles Pic e Giedo van der Garde, ainda que não muito.

10) SAUBER — GUTIÉRREZ E SUTIL

Se o carro for bom, esses dois até podem conseguir bons pontos e resultados melhores, mas ficam na leva dos piores do grid de 2014.

11) MARUSSIA — BIANCHI E CHILTON

Jules Bianchi foi bem em 2013, Max Chilton, nem tanto, embora tenha completado todas as 19 corridas — um recorde. Até dá para imaginar Bianchi conseguindo algo mais notável, mas a dupla em si considero a mais fraca do grid.

RON DENNIS MANDANDO DE NOVO NA MCLAREN


rondennisSÃO PAULO | Não que Ron Dennis tenha deixado de mandar na McLaren em algum momento, mas o comunicado divulgado nesta quinta-feira pela equipe foi muito significativo: a insatisfação com o ano de 2013 é enorme.

Chefe de equipe até 2009 e CEO do Grupo McLaren até 2012, Dennis vai voltar a ocupar o cargo de CEO, que estava nas mãos de Martin Whitmarsh. A decisão foi tomada pelos acionistas do time, ou seja, ele mesmo, Mansur Ojjeh e o grupo barenita Mumtalakat. E o britânico já chegou prometendo mudanças: vai investigar cada parte da escuderia para descobrir o que tem dado errado nos últimos anos.

Claro que já começam a pintar muitas especulações e dúvidas sobre qual vai ser o futuro do time e, especialmente, o de Whitmarsh.

De acordo com a ‘Autosport’, Dennis falou aos funcionários na fábrica em Woking por cerca de 20 minutos na manhã da quinta-feira. Whitmarsh não estava presente… Por enquanto, ele continua no posto de chefe de equipe, mas Ross Brawn está solto na praça, e muita gente diz que pode pintar por lá.

Trocando ou não o team principal, a mudança na direção do Grupo McLaren é um recado: “Estou de volta para fazer o negócio dar certo.” Em outras palavras…

shitjustgotseriousRon Dennis chegou à McLaren no início da década de 1980. A Marlboro estava descontente com a sequência de fracassos da gestão de Teddy Mayer. Desde os títulos de Emerson Fittipaldi e James Hunt, nada de bom acontecia. O promissor Alain Prost saiu de lá puto da vida no final de 1980, após sofrer vários acidentes provocados por falhas mecânicas em seu ano de estreia na F1. Nos bastidores, John Hogan, homem-forte da Philip Morris, mexeu os pauzinhos e promoveu a troca de Mayer por Dennis. A história, todos conhecemos: foram dez títulos mundiais em pouco mais de duas décadas, com Niki Lauda, Alain Prost, Ayrton Senna, Mika Häkkinen e Lewis Hamilton.

Não coincidentemente, 1980 havia sido o último ano em que a McLaren não conquistou nenhum troféu, não foi ao pódio nenhuma vez. Em 2013, o melhor resultado foi  o quarto lugar de Jenson Button no GP do Brasil. Muito pouco para quem investe muito dinheiro.

Meu palpite — só palpite —  é que Martin Whitmarsh não vai sair. Ainda não. Mas o caldeirão de Woking vai voltar a ferver, e com o big boss observando tudo com olhos muito atentos.

 

TOONED 50: A HISTÓRIA DOS CAMPEÕES DA MCLAREN


2013-f1-12-italia-DOM-mclaren-50SÃO PAULO | Sem dúvida alguma, a melhor coisa que a McLaren fez em 2013 foi o Tooned 50. Comemorando 50 anos de vida, a equipe retomou a série de desenhos animados que havia lançado no ano passado, mas, dessa vez, recontando a história de seus grandes campeões. Só que de um jeito bem peculiar. Eu achei todos bons.

Uma pena que, pelas ligações com a Mercedes, Niki Lauda e Lewis Hamilton não puderam participar. Episódio dedicado ao Lauda, nem tem. E o que é dedicado ao Hamilton é este último, em que o piloto não aparece. Mas estão lá Emerson Fittipaldi, James Hunt, Ayrton Senna, Alain Prost e Mika Häkkinen.

Se você não conhecia o Tooned ou então quer assistir toda essa segunda temporada, eu peguei todos os vídeos e coloquei neste post. Divirtam-se:

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A FERRARI TEVE SEUS MOTIVOS


2013-f1-perez-mclaren-cartaSÃO PAULO | Não foram poucas as críticas feitas à Ferrari, especialmente pelos italianos, por deixar a McLaren assinar com o promissor Sergio Pérez. A Autosprint publicou um texto questionando: “Por que Massa e não Pérez?” E promover Pérez da Sauber para o carro vermelho realmente fazia todo o sentido. Mas a Ferrari sabia o que tinha nas mãos e teve seus motivos para deixá-lo sair.

Nenhum piloto andou tão bem na Sauber quanto Pérez. O mexicano foi a três pódios e fechou o campeonato em décimo, com 66 pontos. E deixou para trás Kamui Kobayashi, que sempre foi tido como um bom piloto.

Natural que algum time grande o quisesse. Natural que ele fosse considerado um futuro vencedor de corridas e, quem sabe, campeonatos. Ainda mais com a mudança para a McLaren.

É daquelas coisas que o tempo nos faz enxergar de maneira diferente.

Pérez cresceu dentro da Academia da Ferrari, fez treinos em simuladores em Maranello. Era acompanhado há tempos pelos olhos dos italianos, que acharam melhor não colocá-lo no lugar de Massa. Ainda: ano passado, para quem não se lembra, teve gente que chegou a dizer que a Sauber só não venceu porque não tinha pilotos para isso.

Lá foi Pérez para a Inglaterra, trabalhar com a McLaren no lugar de Lewis Hamilton. E o ano está sendo horrível para os ingleses. Nenhum pódio em 17 corridas. Falta pouco para que a temporada 1980 se repita. O ano começou ruim, esteve ruim em alguns momentos e está terminando mal.

A gota d’água foi o GP de Abu Dhabi. O carro estava bom nos treinos, Pérez foi ao Q3 e terminou com uma pequena vantagem para Jenson Button, que precisou parar nos boxes no início da prova para terminar a asa dianteira. Martin Whitmarsh definiu a performance do piloto de 23 anos como “desapontadora”. O relacionamento também não foi grande coisa: Whitmarsh descreveu o piloto como um “bom companheiro”, mas algumas rusgas foram trocadas com Button no início da temporada.

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A imprensa inglesa reporta que nos simuladores, Kevin Magnussen tem se comportado melhor do que Pérez. O dinamarquês também foi muito bem nos dois testes que fez. Aí, entra uma outra questão na hora de se optar pela substituição: o senso de oportunidade.

A McLaren acredita que tem um futuro campeão nas mãos, assim como tinha com Lewis Hamilton, em 2007. Estava tentando colocá-lo, contudo, em um estágio em outra equipe, a Force India — que disse publicamente que não queria preparar ninguém para outra equipe — ou então na Marussia. Mas, insatisfeitos com Pérez, mudaram os planos e resolveram arriscar. É compreensível.

Com o casamento da McLaren com Pérez chegando ao fim, a impressão que fica é que o mexicano não era tudo aquilo que aparentou ser enquanto piloto da Sauber. Mas é preciso mencionar, também, o erro dos britânicos. Ou erraram na escolha ou erraram ao não conseguir extrair o melhor de Checo. Não importa qual tenha sido o equívoco, é mais um dos vários erros deste 2013 desastroso para o time.

Passando a régua: GP do Bahrein – classificação


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SÃO PAULO, 16h42 – Está no ar o primeiro podcast que eu fiz aqui para o blog. Ano passado, comecei a fazer posts nas segundas-feiras seguintes a cada GP reunindo uma rodada de informações e pitacos sobre o que aconteceu na corrida, mas acabou que não consegui fazer para todas as corridas. Dessa vez, fiz num formato diferente, um podcast, que acho igualmente interessante e consome menos tempo da minha parte. Depois que gravei, cheguei à conclusão de que eu falo muito. Tá aí, ó, dá para ouvir aqui, incorporar, baixar. A música de fundo é “Struggle to survive”, da banda de rock progressivo barenita (sim, isso existe!) Osiris.

Pegadinha


SÃO PAULO, 17h15 – Em junho do ano passado, passamos um bom tempo falando sobre o GP de Londres. Bernie Ecclestone defendeu a ideia e a McLaren e o Santander a abraçaram, divulgando vídeos que mostravam o circuito de rua que seria montado na área mais nobre da capital inglesa, passando pela Trafalgar Square, Big Bang e pelo Palácio de Buckingham. Tudo para uma charmosíssima prova noturna. Até valores foram comentados: Bernie falou em cerca de R$ 107 milhões. Mas o tempo passou e nada disso saiu do papel.

Na verdade, tudo se tratou de uma cortina de fumaça para o escândalo de suborno que envolve o chefão da F1. Alguns dias antes dos planos para o GP de Londres serem revelados, o banqueiro alemão Gerhard Gribowsky admitiu que recebeu propinas de Ecclestone para agilizar o processo de venda das ações da F1 para o grupo financeiro CVC. Foi naquela semana que começaram a falar com mais veemência numa eventual prisão do inglês de 82 anos que comanda a F1 há quatro décadas. À época, escrevi que uma corrida em Londres seria muito legal, mas que, pelas circunstâncias em que tudo foi apresentado, não dava para botar muita fé.

Nesta semana, o departamento de marketing do Santander foi premiado pela campanha no Hollis Sponsorship Awards, uma premiação inglesa relacionada à iniciativas de marketing. E, sobre isso, Martin Whitmarsh admitiu que era bem improvável que a ficção se tornasse realidade. Tudo era ‘de mentirinha’.

Como sempre, Ecclestone dá um jeito de tirar os holofotes de si em momentos inoportunos. Esse é só mais um exemplo, talvez o que mais tenha dado certo. Uma tentativa que não deu tão certo assim, mas causou certo rebuliço foi aquela sugestão de introduzir chuva artificial às corridas.

Nos meses seguintes, os planos acerca de uma prova em Londres continuaram sendo mencionados, esporadicamente, mas nada referente ao projeto de junho. A ideia era usar o novo Estádio Olímpico de Londres, mas acabou que o West Ham venceu a batalha e ficou com o estádio.

Para vocês lembrarem, aqui estão os vídeos que mostravam os detalhes do GP de Londres:

E esse aqui é o mapa da pista:

london grand prix

Impressões dos testes de Jerez


Button

SÃO PAULO, 22h03 – A primeira bateria de testes da pré-temporada da F1 acabou nesta sexta em Jerez de la Frontera, na Espanha. Claro que não dá para dizer muita coisa sobre como a distribuição de forças estará daqui a um mês, no GP da Austrália, é até clichê dizer isso, mas algumas impressões ficam.

Fica a impressão de que a Force India e a Toro Rosso tem bons carros, pelo menos melhores que os do ano passado. Seus pilotos andaram rápido durante toda a semana.

A Lotus também demonstrou velocidade, assim como a Ferrari, com Felipe Massa, na quinta-feira. Mas não dá para saber quem realmente mostrou as cartas ou que níveis de combustível foram utilizados pelas equipes.

Mas eu fiquei com a impressão de que a McLaren está muito bem. Já terminaram bem no ano passado e Jenson Button marcou um tempo muito bom na terça-feira. Felipe Massa se disse impressionado, e tem motivos para isso. Button virou 1min18s8 usando pneus duros no primeiro dia de atividades com o novo carro.

A pista estava suja, era a estreia do MP4-28 e ele ainda teve um problema mecânico que custou bastante tempo na pista. Hoje, com a pista mais do que emborrachada, Sebastian Vettel virou 1min18s5 com os pneus duros. Depois de terça-feira, a McLaren ficou na sétima posição em todos os dias, com Button e Sergio Pérez. Hum.

Sobre a Mercedes, lembrei-me da semana seguinte ao anúncio de Lewis Hamilton para o time alemão. Acabara de ver a McLaren quebrar mais uma vez, no GP de Cingapura, quebra esta que lhe custou uma vitória. Cansou daquilo tudo. Nos dois primeiros dias, duas quebras no W04. Uma pane elétrica e uma falha nos freios – que mandou Hamilton para o muro. 26 voltas completadas em dois dias.

Nos dois últimos dias o time compensou isso com 303 voltas. Mesmo assim, já fica a impressão que esse carro é um carro propenso a quebras. De se destacar que, segundo Lewis, é fácil aquecer os pneus. Uma volta e bang, eles estão na temperatura ideal e a volta do pneu vem.

Hamilton

E o Pedro de la Rosa, coitado? Ganhou a inesperada chance de andar em uma Ferrari nessa altura da carreira, dá três voltas e o carro pega fogo. Mais de três horas e meia nos boxes, câmbio trocado e ele voltou para a pista para mais 48 voltas. Aí sem problemas. Disse que essa experiência será fundamental para o trabalho que vai fazer nos simuladores do time. Ele fez isso com a McLaren no passado. A meta é aproximar a Ferrari do que os ingleses e a Red Bull têm.

Quanto à Red Bull, vão continuar lá na frente, podem apostar.

Abaixo segue o combinado dos quatro dias de atividades, quando 23 pilotos entraram na pista em Jerez.Destaque para o equilíbrio: oito equipes diferentes nas dez primeiras posições. E, segundo informações da Pirelli, os tipos de pneus que eram usados nas voltas mais rápidas – a fabricante não divulgou de todos os pilotos:

Massa, Grosjean, Di Resta, Räikkönen, Bianchi: macios;

Rosberg, Ricciardo, Rosberg: médios;

Vettel e Button: duros.

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